
XXXVII Encontro Nacional dos Estudantes de História
1a. Exposição Quitinete
Universidade Federal de Alagoas
Direção Artística e Curadoria da Exposição
Anna Pinotti Boratto
Responsável Editorial
Teresa Patrícia
Gráfica
Domício Fernando




Utilize o sumário ou clique na página de sua escolha para acessar os conteúdos da curadoria extra. Boa visita!
"O processo de criação das artes perpassou um pouco do sentimento de construir elementos a partir de matérias primas: a concretude vem do fazer a arte ser inventada com coisas que já existem em abundância e o imaginário vem do acúmulo que o local e a exposição em si trazem: o Gogó da Ema, a areia, o sal e os cajus. "


Revolucionário guatemalteco (1936-1967), guerrilheiro e poeta. A seguir ao golpe de 1954 patrocinado pela CIA, que derrubou o governo democrático de Jacobo Arbenz , Castillo teve de exilar-se em El Salvador. Voltou à Guatemala em 1964, onde militou no Partido dos Trabalhadores, fundou o Teatro Experimental e escreveu numerosos poemas. No mesmo ano foi preso mas conseguiu fugir. Regressou ao exílio, desta vez na Europa. Posteriormente retornou secretamente à Guatemala e incorporou-se a um dos movimentos guerrilheiros que operavam nas montanhas de Zacapa. Em 1967, Castillo e outros combatentes revolucionários foram capturados. Ele, juntamente com camaradas seus e camponeses locais, foram brutalmente torturados e a seguir queimados vivos.

Nas cinco edições da Revista tivemos o cuidado de colher relatos - dos frescos ou daqueles que ficam guardados por anos até que tenhamos a coragem de encara-los. Para nós é importante perguntar, investigar e fuxicar jeitosamente como boas historiadoras que somos. E dar espaço, na nossa narrativa, para as incontáveis vozes dos sujeitos.
Ainda sobre a fase escolar, lembro de episódios relacionados ao livro didático, lembro de sentir um pouco de vergonha da forma que as histórias do povo negro eram retratadas nos livros, pois tudo que falavam ali se resumia a escravidão e servidão, não se falava sobre a cultura, conhecimentos, feitos ou nada do tipo. Já na Universidade, no estágio de observação, notei que algumas coisas não mudaram, em uma aula sobre Expansão Europeia, a professora explicava para a turma com admiração sobre o pioneirismo, foco e competência dos portugueses para alcançarem os seus objetivos econômicos, novamente deixando um cenário nada combativo e inteligente para nós negros nas linhas da história. Também, e a partir dessa experiência, percebi que era uma obrigação introduzir cultura e referências pretas em todos os espaços que eu estivesse presente, e junto ao Núcleo AfroUneb e o Coletivo de Mulheres Negras Luíza Bairros comecei a montar minha biblioteca preta, hoje, pesquiso o currículo de África dos nove departamentos que ofertam o curso de História na Universidade do Estado da Bahia, fazendo um diálogo com a educação básica. Relato Juliana Silva ed 2 pg11


Retomar esse artigo em terras alagoanas é vivenciar uma parte da história a cada respiro. O Dossie da Serra da Barriga que está disponível no portal do IPHAN é um material que combina estudos históricos e geográficos com objetivo de engrandecer o legado da luta que um dia foi travada nessa região.
SERRA DA BARRIGA
Serra da Barriga!
Barriga de negra-mina!
As outras montanhas se cobrem de neve,
de noiva, de nuvem, de verde!
E tu, de Loanda, de panos-da-costa,
de argolas, de contas, de quilombos!
Serra da Barriga!
Te vejo da casa em que nasci.
Que medo danado de negro fujão!
Serra da Barriga, buchuda, redonda,
de jeito de mama, de anca, de ventre de negra!
Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu!
Cadê teus bumbuns, teus sambas, teus jongos?
Serra da Barriga,
Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga,
cheirando a maconha, cheirando a liamba?
Os teus meio-dias: tibum nos peraus!
Tibum nas lagoas!
Pixains que saem secos, cobrindo
sovacos de sucupira,
barrigas de baraúna!
Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu!
De noite: tantãs, curros-curros
e bumbas, batuques e baques!
E bumbas!
E cucas: ô ô!
E bantos: ê ê
Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos!
Aqui é Zumbi!
Barriga da África! Serra da minha terra!
Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi!
Depois, minha serra, tu desabando, caindo,
levando nos braços Zumbi!
Jorge de Lima*
*Jorge Mateus de Lima (23/04/1893-15/11/1953) nasceu em União dos Palmares, situada na Zona da Mata alagoana. O poema integra o folder HOMENAGEM AO QUILOMBO PELA VOZ DO PRÍNCIPE DOS POETAS ALAGOANOS, da Secretarias de Cultura e, Turismo de União dos Palmares

O fato do camponês ser reconhecido como cidadão é que faz com ele se sinta parte atuante e formadora da sociedade e da identidade brasileira: [...] o estatuto de trabalhador é que dá identidade social e política ao homem brasileiro, fato magistralmente materializado pela criação da carteira de trabalho e pela definição da vadiagem como crime. (GOMES, 1988 apud MEDEIROS, 1995) E esse é, talvez, um dos principais motivos por trás da larga propagação de estereótipos como o de Jeca Tatu no imaginário brasileiro/na sociedade brasileira. A depreciação e ridicularização deste personagem caricato estabelecia e reforçava uma concepção de camponês que parecia inapta à cidadania. Assim, o camponês não era visto como sujeito de direitos e, quando o era, continuava numa posição marginalizada. Em suma, essas ideias servem para manter a ordem social burguesa intacta. Como aponta Medeiros (1995), foram os anarquistas e o Partido Comunista Brasileiro (PCB) que, após a década de 1930, atuando com caravanas pelo interior brasileiro, buscaram conscientizar os camponeses sobre a sua importância para o país e para o desenvolvimento pleno do campo de uma forma democrática. Esse trabalho de base teve como objetivo elevar a consciência das massas (PRESTES, 2012, p. 130-131) contra os males do latifúndio e dos monopólios. Ibdem, ed 3 pgs 10 - 11
A fala de terra
A Liberdade da Terra não é assunto de lavradores.
A Liberdade da Terra é assunto de todos quantos se alimentam dos frutos da Terra.
Do que vive, sobrevive, de salário.
Do que não tem casa. Do que só tem o viaduto.
Dos que disputam com os ratos os restos das grandes cidades.
Do que é impedido de ir à escola.
Das meninas e meninos de rua.
Das prostitutas. Dos ameaçados pelo Cólera.
Dos que amargam o desemprego.
Dos que recusam a morte do sonho.
A Liberdade da Terra e a paz no campo têm nome:
Reforma Agrária.
Hoje viemos cantar no coração da cidade.
Para que ela ouça nossas canções e cante.
E reacenda nesta noite a estrela de cada um.
E ensine aos organizadores da morte
e ensine aos assalariados da morte que um povo não se mata
como não se mata o mar
sonho não se mata
como não se mata o mar
a alegria não se mata
como não se mata o mar
a esperança não se mata
como não se mata o mar
e sua dança.
Pedro Tierra*
*Pedro Tierra pseudônimo de Hamilton Pereira de Silva, nasceu em Porto Nacional (TO), em 1948. É militante político e social e dessa militância extrai a matéria-prima de sua poesia. Lutou contra a ditadura brasileira, (1964/1985) viveu clandestinamente e foi preso. Foi militante informal do Movimento dos Sem Terra (MST) e suas poesias fazem parte até hoje do cancioneiro da organização.
'Jeca Tatu era tão fraco que, quando ia lenhar, vinha com um feixinho que parecia brincadeira. Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la.'
'Jeca só queria beber pinga e espichar-se ao sol, no terreiro.'
'O doutor receitou um vidro de ANKILOSTOMINA FONTOURA, para tomar assim: seis comprimidos hoje pela manhã e outros seis amanhã de manhã. - Faça isto duas vezes, com o espaço de uma semana.'
'Quando o doutor voltou, Jeca estava bem melhor, graças à ANKILOSTOMINA e ao BIOTÔNICO.'


Hoje não temos um estudo sério sobre quem são, qual é o perfil e onde estão as LGBT do Estado de Goiás, então a gente não sabe quem somos nós e uma falta de estrutura interna né, então se a gente parar para ver, por exemplo, hoje né nós não temos uma Secretaria de Estado voltado à questão LGBT a nível estadual e então o que a gente tem é uma Secretaria de Diversidade Sexual, algo muito abrangente, não envolve só a questão LGBT, e mesmo assim essa secretaria não tem estrutura para trabalhar. Os relatos que a gente tem é que quem está à frente dessa secretaria não tem um computador, não tem acesso a um e-mail institucional do Estado de Goiás para poder trabalhar né, dá mesma forma aqui na cidade de Goiânia. Ibidem, ed 4, pg 20.
Como disse acima, este é apenas um exemplo para mostrar os limites do meu trabalho. Agora, é justamente nesses momentos que vêm à tona algumas das lições do movimento estudantil. Os trabalhos que pudemos acompanhar em assentamentos do movimento sem-terra, em ocupações urbanas, ou mesmo dentro da Universidade, como nas casas de estudantes e RUs, demonstram que não há outro caminho senão a luta coletiva, popular, e que caminhe no rumo de uma transformação radical da sociedade, para que possamos combater situações como essas. Ibidem, ed 4, pg 26.


